Representantes da Fundação Escola de Sociologia e Política do Estado de São Paulo apresentaram à sociedade civil rio-pretense diretrizes para o saneamento, resíduos sólidos e drenagem de Rio Preto para os próximos 30 anos
Data Indisponível - Categoria: Notícias da Câmara
 
                        
            Apesar de o plano contemplar quatro eixos - água, esgoto, resíduos sólidos e drenagem urbana -, os debates se concentraram principalmente no saneamento. Mais precisamente no apontamento de que Rio Preto vai precisar buscar água no rio Grande - projeto estimado entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão.
"Por muito tempo achou-se em Rio Preto que era simples (captar água). Basta furar poço e pegar água. Mas essa política não é adequada do ponto de vista técnico", disse Freire, que criticou ainda a falta de interligação dos sistemas de abastecimento e o crescimento desenfreado da cidade em torno da bacia do rio Preto.
Freire citou a crise hídrica da Grande São Paulo como exemplo de que Rio Preto precisa se preparar para eventuais "eventos críticos de escassez hidrológica." "Rio Preto ainda não está submetida a eventos críticos, mas precisa se precaver. Os atuais sistemas (poços e captação superficial) estão sob forte exploração. Precisamos aumentar a segurança do sistema. Caso contrário, toda demanda futura ficará a cargo dos poços Bauru e Guarani. Para isso precisaríamos de mais 150 poços Bauru e mais quatro Guarani, o que é arriscadíssimo em face do rebaixamento dos lençóis freáticos".
Atualmente, o sistema de abastecimento de Rio Preto é composto pela captação de água do rio Preto (Represa Municipal), responsável por cerca de 40% da demanda, e o restante por oito poços Guarani e 238 Bauru. Apesar das críticas feitas por representantes da sociedade civil à proposta de captar água do rio Grande, a superintendente do Semae, Ivani Vaz de Lima, defendeu a ideia, cujo projeto executivo vai custar R$ 15 milhões - recurso que virá a fundo perdido do governo federal.
"O governo nos deu essa grande chance, de termos um projeto pronto para, no futuro, se a sociedade assim entender, ele estará pronto." Ivani lembrou que a captação de água por meio de poços já sofre com o rebaixamento do lençol. "Poços do Guarani, que poderiam gerar vazão de 400 litros por segundo, já estão em 180. E tem poços do Bauru que estamos perfurando e não encontrando mais água. Precisamos garantir o futuro dos nossos netos e bisnetos."
Entre os que criticaram a proposta de buscar água no rio Grande estão o biólogo Arif Cais e o geólogo Samir Barcha. Ambos defenderam que, antes de investir nesse projeto, o Semae deveria adotar outras medidas, como investir na redução de perdas e desperdício, campanha de educação e conscientização ambiental bem como em pesquisas para detectar qual a capacidade de armazenamento e exploração dos mananciais subterrâneos.
O representante da Associação dos Amigos dos Mananciais, Paulo César de Jesus, manifestou preocupação em relação a outro ponto do plano, que, segundo ele, não contempla ações emergenciais e preventivas em relação a eventuais desastres ambientais envolvendo a Represa Municipal, que é cruzada pela BR-153 e pela linha do trem, por onde diariamente passam dezenas de caminhões e comboios carregados de combustível.
A servidora do Semae Ceci Cáprio, também ambientalista, defendeu a ideia de buscar água no Grande lembrando que atualmente Rio Preto "explora de maneira predatória os aquíferos Bauru e Guarani." "A preocupação é com o extrativismo puro. Tiramos água e não devolvemos".
Falaram ainda na audiência os vereadores Alessandra Trigo (PSDB), Celi Regina (PT) e Jean Charles (PMDB). Alessandra pediu para que seja incluído no plano projeto para instalação de mais lixeiras em Rio Preto bem como a criação de campanhas de conscientização e educação ambiental. Jean e Celi falaram sobre o que consideram falta de diálogo na elaboração do plano, bem como preocupação com o custo do projeto de buscar água no rio Grande.
Sobre essa preocupação em relação ao custo, o engenheiro Parlatori disse que não vê motivos. "Em princípio, um custo de R$ 800 milhões, R$ 1 bilhão, pode assustar, mas não há motivos. É um custo alto, mas a capacidade do Semae é imensa". Ele lembrou que o brasileiro gasta mais atualmente com telefonia celular móvel do que com saneamento básico. "Nem preciso dizer o que considero prioridade."
Em relação aos pedidos para que seja priorizada a redução de perdas em vez de buscar água no Grande, o engenheiro disse que isso seria "uma coisa óbvia." "Controlar perdas é coisa óbvia, uma das mais importantes a se observar, mas não é só isso. A ideia é que tenhamos alternativas de sistema para operar com flexibilidade o abastecimento."
Parlatori citou que outra maneira de conter o desperdício: aumento de tarifa. "Se não aumentar progressivamente a escala tarifária, a turma perdulária vai continuar jogando água fora. Só a dor no bolso faz as pessoas mudarem os hábito.
Outro tema abordado na audiência pública foi o descontrole na perfuração de poços artesianos, por muito tempo prática comum na cidade. "Temos mais de 2 mil poços privados de água. É uma política equivocada do passado. Em torno de 15% da população utiliza poços particulares. Nossa proposta é que isso seja modificado. Precisamos trazer esses consumidores para o serviço privado", disse Elciris Freire.
Já os outros temas, como resíduos sólidos e drenagem urbana, os engenheiros fizeram rápidas sigestões para serem implantadas a médio e longo prazo. Uma delas é a criação de novos métodos para a coleta e destinação de grandes resíduos domésticos. "O descarte de móveis e grandes utensílios domésticos é um grande desafio da limpeza pública. Caso contrário, serão descartados em qualquer lugar, indo parar em rios, gerando sistema de coleta muito caro." Ele sugeriu que rio Preto deva intensificar o sistema de pontos de apoio e conscientizar a população a usa´-los.
Sobre a drenagem, criticou a falta de sistema de microdrenagem (bocas de lobo), que captam as enxurradas e as levam para os sistemas canalizados (macrodrenagem). O engenheiro apresentou inclusive o custo para a implantação de redes de microdrenagem em Rio Preto para 20 anos. "A estimativa é que ficaria entre R$ 73 e R$ 203 per capita, um custo que não é baixo." Ele disse ainda que Rio Preto precisa mudar a política de combate a enchente. "Praticamos uma política insustentável de canalizar. Precisamos mudar. Reter a água, o que ajuda até na infiltração e recuperação dos aquíferos."
Em recente palestra na Câmara, os engenheiros Pedro Zacarin e Luís Carlos Calças disseram que o projeto antienchente em andamento nas bacias dos córregos Borá e Canela já contemplam essa tendência. "A filosofia é segurar, e não soltar água", resumiu Zacarin.
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